segunda-feira, 7 de setembro de 2009

CRIME OU COSTUME?


Depois de ler várias notícias a respeito do caso do italiano preso por pedofilia, não poderia deixar de acrescentar os seguintes pontos, apenas para reflexão dos leitores deste blog:

1 - O simples argumento de que "bater pode, mas dar carinho não", me parece simplista demais, para resolver toda esta questão em torno do caso, pois há várias outras nuances a analisar;

2 - Segundo o relato das testemunhas (que não se resumem só o casal de Brasília que denunciou), as carícias não se limitaram a simples selinhos, tendo o italiano chegado a acariciar as partes íntimas da menina, comportamento que incomodou quem estava perto, o que por si só, já é indício de algo errado;

3 - Toda a denúncia parte do pré-suposto de que as testemunhas estejam falando a verdade, e uma investigação correta vai esclarecer qualquer dúvida. Se não forem verdadeiras, caberá ao pai, mover um processo por calúnia e difamação, tudo dentro dos tramites da lei, que existe para esse fim, não esquecendo que também serão analisadas as imagens das câmeras da piscina;

4 - Sou português, e sei que é costume na maioria dos países da Europa, a prática do beijo no rosto no cumprimento, inclusive de pessoas do mesmo sexo, mas não é tão comum assim (e acredito q não deva ser incentivado por especialistas), o beijo na boca, especialmente entre pais e filhos, apesar de presenciarmos com freqüência, aqui no Brasil mesmo;

5 - Simplesmente conversar com a mãe, antes de chamar a polícia, não resolveria a questão, pois é sabido que muitas mães, por inúmeros motivos, são coniventes com o abuso sofrido pelos próprios filhos;

6 - Longe de qualquer conotação preconceituosa (estou somente relatando fatos), há ainda o agravante de que esta mulher é nordestina de família pobre, foi trabalhar na Itália e lá conheceu o italiano que é empresário;

7 - Não esqueçamos que na região norte e nordeste, especialmente no sertão, nas famílias de menor poder aquisitivo e instrução, é costume as filhas se "deitarem" com o pai após uma certa idade, e a mãe aceita e estimula, pois não se encontra mais com a mesma "jovialidade" e é “substituída” pela filha no seu papel sexual com o marido. Também é comum pais venderem suas filhas, para servirem a fazendeiros mais ricos. É absurdamente chocante, mas é uma cultura arraigada há séculos e que, por mais incrível que pareça, ainda persiste até hoje no Brasil;

8 - O Brasil é feito de muitos Brasis, assim como o planeta tem várias culturas, para nós estranhas, mas para cada região, absolutamente normais. Por isso é importante julgarmos e punirmos segundo nossa moral e nossos conceitos e leis, afinal, se vc for para o Afeganistão, por exemplo, tem que se comportar segundo seus costumes e tradições, ou corre o risco de lá ficar preso;

9 - Então também caberia a este italiano, um pouco mais de cuidado, ainda mais sendo casado com uma brasileira e sabendo do grave problema de prostituição infantil, especialmente no Nordeste e em Fortaleza;


Finalizando, acho que este caso merece um pouco mais de atenção e investigação, antes de simplesmente julgarmos. Admito que ainda não consegui formar um juízo de valor definitivo e prefiro aguardar um pouco mais o desenrolar dos fatos antes de emitir minha opinião, mas tenho a concreta certeza de que só há duas possibilidades: ou estamos diante de uma injustiça absurda, contra um pai amoroso e carinhoso, motivada por um julgamento precipitado, ou conseguimos livrar mais uma criança do hediondo crime da pedofilia. Espero que tenha ajudado a fomentar ao menos um pouquinho este debate, que é sempre proveitoso. Um abraço a todos.

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