terça-feira, 1 de abril de 2014

JORNAL NACIONAL






                              Não penso

                              Não existo

                              Só assisto









Sentado, no banco da praça de uma cidade qualquer
Assisto toda a decadência
Até para me lembrar que sou melhor
Cansado, vejo toda a intolerância
Refletida no espelho do que é pior
Pra fortalecer a paciência que ainda resta em mim
Convivo com a “distante” violência
Que mancha à minha volta, tudo de carmim
Busco encontrar pacificada, a minha paz
Que jaz enterrada, lá no fundo do meu ser, toda vestida de cetim
Cínico raciocínio, marra que comete latrocínio
Nem consigo mais sentir
Não quero me ferir e subo no altar
Para finalmente descobrir que nem sei rezar
O avião que cai do ar
Mergulha em parafuso dentro do meu mar
Há tantas rimas que eu nem uso
Estou confuso com o meu olhar
No bilionário estádio lotado, em estado vegetativo
Anestesiado, o manifestante mudo bloqueia o cérebro, inativo
Como o elefante surdo pisoteia o rato, ainda vivo
E balança o teleférico que me leva aos céus
Onde Ele recebe de braços abertos
Todos os incertos sonhos meus
Nos breves intervalos, propagandas indecentes 
Impedem-me de pensar
Percebo cidadãos carentes
Mortos por polícias, que os deviam proteger
Desperto distraído, com letras displicentes
Numa tela de notícias
Embalada como pão, de global padrão
Que manipula a massa (nada cinzenta)
Sentada, no banco da praça de uma cidade qualquer

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião.