sexta-feira, 23 de julho de 2010

TEMPO (1997)


Os dias estão passando rápido demais

Para que eu possa aguentar

O tempo é implacável comigo agora

As nuvens no céu flutuam com o vento

E me mostram que nada é igual

Já não posso fazer o que um dia eu não fiz

O tempo é indiferente comigo agora

O mundo continua girando cada vez mais rápido

Me deixando tonto, e eu tento

Mas nunca controlei as horas

Só chego atrasado ao encontro e nada encontro

O tempo é miserável comigo agora

Eu estou passando rápido demais

Para que o tempo possa agüentar

Eu continuo girando cada vez mais rápido

Deixando o tempo tonto, e eu tento

Mas não consigo olhar pra trás

Estou voando com o vento

O tempo é generoso comigo agora

Eu tento, mas é tarde demais para saber

Deixo o tempo passar livre, e o mundo girar

Já que não posso fazer o que um dia eu não fiz

Faço agora o que um dia não poderei fazer

Seguro o tempo em minhas mãos, mas ele vai

Como as águas de um rio, que não serão iguais de novo

O tempo não pára enquanto há vida

E continua sem haver, sem a ver

É a pergunta sem resposta que nunca poderei alcançar

O tempo é rápido demais pra mim agora

TÚNEIS E SONHOS (2010)


Choque de ordem
Ordem em choque
Ordem
em cheque
Triste Rio, tristeza
Desperdiçada beleza
Bagunçado
Perdido, bem pago
Dois Rios, três Rios
Vários mundos
Eu mar, eu mato, eu morro
Maravilhosa cidade
Grita por socorro
Sem esperança
Da maravilha a lembrança
Olimpíadas, Copa, bilhões
Corrupções, lambança
Espelho de um país, identidade
Transporte, Saúde, Segurança
Ao Deus dará,
Adeus darão
Vidas se perdem, se vão
Na impunidade
Deixam saudade
Túneis perdidos
Sonhos interrompidos
Para bens
Continuamos reféns...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

SUTIL DIFERENÇA


Você que sempre confundiu lulas com polvos, agora já sabe a diferença:
Lula mente, Polvo diz a verdade...

terça-feira, 20 de julho de 2010

PORQUE OS RELACIONAMENTOS NÃO SÃO ETERNOS? (1995)


As pessoas se separam pelas razões aparentes mais diversas, porém há uma causa mais profunda, que explica bem esses desencontros tão comuns em nossa vida.

Pais e filhos, marido e mulher, parentes, amigos, namorados, se desentendem, brigam, se magoam e se afastam, muitas vezes para sempre. Porque será tão difícil manter um relacionamento harmonioso?

Ressentimentos, discussões amargas – Ego. Meu Ego me afirma que sou melhor que você, sei mais, tenho mais experiência, tive melhor educação, enfim, sou superior. E, porque gosto de você, quero reforma-lo, torna-lo melhor, pelo menos tão bom quanto eu.

Estas palavras podem ser modificadas ou suavizadas, mas o centro da questão (sou melhor do que você, quero modifica-lo), continua sendo o grande obstáculo, porque ter um bom relacionamento, seja com quem for, só é possível através do respeito por sua liberdade de ser como é e de poder decidir como e quando mudar ou crescer. Qualquer outro comportamento é falho e leva à discórdia e á frustração – e em muitos casos, à separação.

Provavelmente muitos já foram testemunhas de uma história que se repetem constantemente: uma jovem e um rapaz se apaixonam e se casam, pois têm imensa atração e admiração um pelo outro. Tudo indica que serão felizes juntos, mas por um motivo que é corriqueiro, embora poucos se dêem conta dele, acontece anos mais tarde uma dolorosa ruptura que consterna a todos que os conheciam. O marido dessa jovem, imbuído da certeza de estar fazendo um bem, empreendeu a tarefa de torná-la ainda melhor, na maneira de se vestir, falar, comportar-se em sociedade, expor idéias, divertir-se, pensar. Em sua santa missão, ele usou todos os recursos: persuasão, manipulação, culpa, chantagem emocional, ameaças. Seu “êxito” foi completo. Passados alguns anos, sua mulher tinha se modificado, se amoldado ao seu padrão de “como deveria ser”. Resultado: o marido não a quis mais. Divórcio, filhos desarvorados, confusão, sofrimento. Tão simples de explicar: ele havia sido atraído pelo que ela era, como ela era. Após “reformada”, deixou de ser a pessoa que o havia encantado, por ser justamente como era. E o mais curioso foi que ela voltou a ser como antes, espontânea, alegre, se vestindo com roupas vistosas – e o marido voltou a querê-la (sem sucesso).

O mesmo acontece a toda a hora por toda a parte: pais querendo reformar filhos, filhos querendo modificar os pais, amigos, colegas, todos querendo “ajudar” os outros a serem melhores segundo seus próprios padrões, mas nenhum deles pensando em sua própria mudança, em seu próprio crescimento. Estranho, mas quem mais pretende "reformar" o outro é quem mais precisa mudar, e só não vê essa verdade porque seu Ego arrogante o convence de que é superior, melhor, mais inteligente e está com a razão. Geralmente quando começamos uma discussão, já iniciamos a conversa dizendo ao outro, " você é ou fez isto ou aquilo", ao invés de começarmos dizendo, " eu me sinto assim, e você, como se sente?"

Um outro ponto dessa questão, tão ou mais importante do que a interferência do Ego na vida das outras pessoas, passa despercebido e se refere à razão mais essencial do problema: é tomar consciência de que tudo tem seu ciclo próprio, durante nossa passagem nesta vida, mesmo os amores "eternos", as amizades mais sólidas. É difícil e doloroso perder um amigo, um companheiro ou companheira, um relacionamento que julgávamos ser forte o bastante para desafiar o espaço e o tempo, a vida e a morte. O mais importante nisso tudo é percebermos que não há perda, só ganhos, quando nosso sentimento é sincero, quando amamos verdadeiramente e sabemos agradecer e compreender as dádivas do amor humano com serenidade e grandeza.

Sempre chegará o momento em que duas pessoas cumprem a missão que tinham a desempenhar juntas, ajudando-se mutuamente a crescer, a evoluir, a superar problemas pessoais, e chorar juntas as respectivas mágoas. A companheira e seus sentimentos não pertencem ao outro, são uma dádiva temporária e espontãnea. Por essa dádiva, pelas alegrias de uma amizade confortadora, pelo apoio mútuo em horas difíceis, pela troca de companheirismo, solidariedade, risos, lágrimas e tantas outras coisas maravilhosas, devemos nos sentir agradecidos. Só isso. O ciclo se encerrou, nada mais. Nada nem ninguém pode garantir a perenidade, exigir permanência, constância, pois neste plano tudo é transitório, mutável, e segue seu próprio curso. Terminado o ciclo, basta um motivo banal para desencadear a ruptura - pois é chegado o momento.

Compreender estas coisas em nossos relacionamentos, respeitar o direito do outro de não nos querer mais (é isto que a arrogância do nosso Ego não consegue suportar), não é tarefa fácil, mas se alcançarmos essa compreensão teremos escalado um importante degrau de nossa busca de mais luz e sabedoria - o do desapêgo verdadeiro, que não é indiferença, é grandeza. Assim, destituídos do nosso lamentável medo de perder, abrimos possibilidades para novos relacionamentos, mais gererosos e satisfatórios.

O ser humano tende a valorizar mais o sofrimento do que a alegria. Se "perdemos" alguém, lamentamos a dor que isso causa, e imediatamente esquecemos o que aconteceu antes, não sabendo lembrar com prazer aquilo que já recebemos e que permanecerá conosco como experiência e lembrança. Os momentos de amor e carinho de um casamento, a cumplicidade que existe entre amigos, a vida em família com nossos pais e irmãos, ou o simples namoro que pouco durou, mas foi intenso, formam um patrimônio inalienável, eterno e intocável, impossível de ser desfeito, e que foi valioso, enriqueceu e embelezou a vida das pessoas envolvidas, por um ciclo. Vale lembrar que quando alguém nos deixa para trás, é porque não podia agir de forma diferente, deu na medida em que podia fazê-lo, e então parte para outra experiência, outro ciclo, e tem o sagrado direito, como nós também temos, de partir.

Como pais, somos o marido reformador da história. Criamos nossos filhos com base na idéia de dominação egoísta da modelagem, do esteriótipo. Nõs sabemos o que é bom para eles, esquecendo de ouvir suas almas, sondar suas inclinações naturais, de sermos apenas os amigos que auxiliam, cooperam, orientam e disciplinam na justa medida. Depois nos queixamos que eles não nos compreendem, aqueles grandes ingratos, depois de tudo que fizemos por eles!

Relacionar-se com os filhos não precisa ser tão complicado. Sabemos muito bem que eles não nos pertencem. Seria sábio reconhecer neles, desde cedo, o direito de ser como são. Podemos e devemos orientá-los, estabelecer regras de convivência, afinal este é o nosso papel, sem no entanto ignorar que são criaturas únicas, sem igual em todo o universo, portadores do sagrado direito de buscar suas próprias respostas, seguindo seus próprios ritmos e capacidades.

Mas parece que não temos competência para este tipo elevado de amor. A maioria dos pais segue o caminho oposto, o de forçar os filhos a se encaixarem nos moldes que eles estabeleceram como os únicos corretos e que os mutilam indelevelmente - pois não se pode colocar o "redondo" numa forma "quadrada" sem causar danos, como muitos de nós dolorosamente descobrimos após passar por essa experiência, só que depois repetimos os mesmos erros com os nossos filhos.

Felizmente sempre é tempo de tentar mudar o que pode ser mudado. Abrir mão de que somos os melhores e sabemos mais do que os outros é crescer: não somos os melhores nem sabemos mais - apenas somos diferentes e sabemos das coisas de modo diferente, o que significa que sempre temos coisas a aprender e a ensinar, enquanto houver mútuo consentimento das partes interessadas. Ninguém pertence a ninguém, estamos aqui de passagem, cada um buscando a luz da evolução como sabe e como pode. Amor e amizade são presentes que a vida nos dá por algum tempo - minuto ou eternidade, que importa, se soubermos vivenciar a dádiva em plenitude? Já não dizia o poeta "que seja infinito enquanto dure"?

Relacionar-se é apenas seguir a mesma estrada com alguém. No início os passos têm a mesma cadência. Em épocas impossíveis de se prever, o passo de um se torna mais rápido ou o passo do outro se torna mais lento e então um segue em frente e o outro fica para trás, de acordo com a sua natureza. Querer nivelar todos os passos, eterna e constantemente é absolutamente egoísta e insensato. Mais cedo ou mais tarde, sofreremos as graves consequências dessa loucura. As vidas de cada um são como linhas, vagando pelo espaço, cumprindo seus destinos, que se cruzam e emaranham por algum tempo, para depois se desvencilharem e continuarem seus movimentos, embora existam as que, por força do destino, jamais se separam.

Enfim, neste mundo efêmero, tudo é fugaz, passageiro, inconstante. Só o dar/receber é nele um permanente acréscimo. As pessoas que passam por nossa vida e se relacionam conosco são nossos companheiros na jornada da evolução - por toda a sua extensão ou por um breve trecho - e são um precioso tesouro. Cada uma delas, não por acaso, cumpre uma missão, transmite uma mensagem, ensina uma lição, serve como mestre, e depois segue adiante. A amizade é sempre proveitosa e iluminadora, e renderá dividendos para todo o sempre. Cada um de nós é um canal que manifesta o amor divino. Cada amigo, cada parente, cada ser com quem nos relacionamos é um mensageiro desse amor, quer saiba disso, quer não. Reconhecer isso e pedir para cada um deles as bençãos divinas, deixando de lado mágoas inúteis e nocivas pelo abandono ou por nos terem levado a abandoná-los, é uma chave mágica para o bem viver. Reconhecer em cada um deles um anjo portador de luz, prova que estamos crescendo em sabedoria e bondade.

Porém, é bem verdade que é mais difícil fazer do que dizer. Somos presas fáceis da mágoa, da raiva, se os outros não são como achamos que devem ser ou se não somos como eles acham quem devemos ser e por isso ocorre uma separação. Negamos-lhes o mais importante dos direitos - a escolha de seus caminhos.

Assim, as separação nesta vida são inevitáveis - nossos entes queridos passam pela transição, vão viver em outro país, preferem outra pessoa, nos deixam por algum motivo, como nós também podemos resolver deixá-los. A idéia de que tudo obedece a ciclos, inclusive nossos relacionamentos, é válida e pode nos ajudar sobremaneira a superar os traumas maiores ou menores que essas separações possam nos causar. É tudo uma questão de amar com relativo desapêgo. Não é fácil, mas sem dúvida vale a pena tentar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

ESTRANHO AMOR (1993)


O amor é a maior das riquezas,
E como tal, é perigoso e contraditório.
O amor induz e paralisa,
Fortalece, enfraquecendo,
Ilumina e deixa cego.
O amor tudo justifica, enlouquecendo.
Entre a razão e a loucura,
Entre o sonho e a realidade,
Entre a beleza e a repulsa,
Entre o ódio e a paixão,
Com certeza, lá está o amor.
Contra o amor,
Só o tempo, a solidão,
Mas pelo amor,
O pensamento, o coração.
Como é difícil esquecer um grande amor.
Um sentimento indefinido, sem noção.
Só se percebe quando já está dentro da gente.
O amor é estar contente,
É um brilho no olhar.
É ternura no falar,
Carinho no tocar.
Então que mais dizer, senão
Que venha o amor,
Que eu quero amar.

NECESSIDADE (1993)


Eu preciso que sejas mulher, mas que antes, sejas gente.
Que antes de seres adulta, sejas sempre criança, contente.
Que tendo vontade, chore e ria.
Que sejas sincera e me deixes adivinhar teus pensamentos.
É preciso que tragas alegria e fé, aos meus piores momentos.
Que ao meu lado, sejas um leão, lutando,
Mas que também sejas vibração e loucura, me amando.
Eu preciso do teu sorriso único, lindo e acolhedor,
Dos teus olhos brilhantes e húmidos de emoção,
Dos teus doces lábios, amorosos e quentes,
De amor, percorrendo o meu corpo.
Lábios que, com sinceridade, nunca simulem afeição,
Mas que sejam firmes na defesa das tuas vontades.
Eu preciso do teu corpo maravilhoso junto ao meu,
Formando um único ser.
Da tua pele macia, junto à minha.
Da tua cabeça no meu peito.
Segurança de mulher e carência de menina.
Eu preciso que gostes de música,
E com ela, recordes nossos melhores momentos.
Que na leveza de um anjo,
Mesmo sem música, saibas dançar.
Que gostes da beleza da natureza e dos mistérios do mar.
Que sejas feiticeira, ames as estrelas e o luar.
Que faças loucuras.
Que dances na chuva e cantes mansinho.
Que beijes meu ouvido, murmurando um carinho.
Eu preciso que recebas as minhas flores e poesias com o coração,
Pois e dele que vêm, somente.
Que sejas antes de tudo uma grande amiga e confidente.
Eu te quero muito, especial e única, porque és minha.
Serás sempre bela,
Porque te vejo primeiro com os olhos da alma.
Serás sempre livre,
Para podermos voar juntos,
Sentindo o vento em teus cabelos,
Deixando para trás o resto do mundo e os desenganos.
Que topes loucuras, sem fazer planos.
E quando esta loucura virar paixão,
Ouve somente o teu coração.
Eu preciso que te entregues totalmente, sem medo,
Desvendando aos poucos meus mistérios e segredos.
E que também aos poucos,
Te reveles inteira só pra mim.
Que aceites meus defeitos e fraquezas,
E me ajudes a trilhar os caminhos do destino,
Cheios de incertezas.
E se foi o destino que fez a gente se conhecer,
Só nos resta viver.
Vem então viver comigo cada segundo,
Como se fosse o último, inacabado,
E eu vou fazer de você, ao meu lado,
A mulher mais feliz do mundo.

MUITO PRAZER (2006)



Não, não gosto do morno, do mais ou menos, do quarenta.
Gosto do oito e do oitenta.
De me entregar por inteiro, me emocionar.
De provocar emoção.
Se tenho água nos olhos é porque tenho coração.
Há dias em que me sinto nuvem, cinza,
Como se fosse um corcel
Que se perdeu de seu dono em algum lugar.
Uma águia presa entre arranha-céus,
Sem destino, sem espaços pra voar.
Há outros em que me sinto sol,
Que aquece e ilumina, singular.
Perdido entre o bem e o mal,
Vivo a cada dia
A luta constante entre a calmaria
E o vendaval,
E deixo minha alma indócil, livre a galopar no mar.
Não quero te assustar,
Te deixar tensa.
Sou melhor do que você pensa
E pior do que pode imaginar.
Gosto dos venenos mais lentos,
Das bebidas mais fortes,
Das drogas mais poderosas,
Mas dos cafés mais amargos,
Prefiro os com leite e aspargos,
Tenho um apetite voraz... e os delírios mais loucos.
De um penhasco você pode até me empurrar,
Que eu vou dizer: -E daí? Eu adoro voar...
Mas tenho sempre os pés no chão, os olhos no horizonte e a mente no infinito.
Eu acho tudo lindo e bonito.
Assim eu sou feliz
Aberto e receptivo como uma parabólica de televisão,
Sem pré-conceitos, um eterno aprendiz,
Em constante evolução.
Vivo com sinceridade e bom humor,
Acima de tudo e apesar de tudo.
Um espiritualista vivendo cada momento presente,
Sem passar pela vida simplesmente.
Totalmente zen, mas sem tempo a perder, nunca desisto.
Insisto,
Dando tudo de mim, para fazer sempre o melhor,
Em todos e com todos os sentidos.
Ando perdido.
Arrisco-me, mas vivo,
Pois viver é arriscar-se a perder tudo.
Já fui surdo e fiquei mudo.
Mas hoje falo e grito.
Não, eu não sou só mais um cara.
Eu sou o homem que te chama de linda ao invés de gostosa.
Gostosa, só no teu ouvido, sussurrando baixinho,
Te deixando maluca,
Enquanto te ensino a dirigir,
E roço minha barba de três dias na sua nuca,
Mordiscando tua orelha.
Eu permaneço acordado só para te observar dormindo.
Faço o que me dá na telha,
Te beijo com amor na boca,
E com respeito na testa.
Sou o homem que te acha a mulher mais bonita do mundo
E te faz festa
Mesmo quando você está sem nenhuma maquiagem
E insiste em te segurar pela cintura.
Eu sou aquele que esquenta as suas mãos
Pinta teus quadros, aquarelas
E pinturas.
Sou aquele que te faz perguntas, faz suas unhas, faz comida
Te leva o mundo numa bandeja quando você acorda
E te chama de querida.
Aquele que não te deixou apodrecendo ali
Num canto, em qualquer lugar,
Onde você não pudesse incomodar,
Não, não: eu cheguei meia hora antes e trouxe tulipas cor de laranja e amarelas.
Depois ainda te levei para algum lugar cheio de pernilongos e estrelas.
E te avisei quando teus olhos borraram de rímel.
Eu sou diferente de tudo o que é errado
Em teu perfeito mundo e em outros mundos perfeitos.
Não te poupei, porque sei que você é esperta.
Você diria que eu salvei sua vida se não soasse tão dramático.
E se isso não fosse mentira – a sua vida velha não merecia ser salva,
Sem perceber, você vivia no piloto-automático
E nem via o tempo passar,
A vida se esgotar.
E eu te trouxe uma vida novinha
Que inventei só pra você e deixei aberta,
Pra você entrar.
Eu não faço planos ou promessas, só surpresas.
Te ensinei a gostar de surpresas e a esperar.
Te deixo esperando e não deixo nada muito claro.
Você voltou a roer unhas.
Você nunca sabe, mas a verdade é que eu estou sempre ali, ou logo adiante.
Eu minto pra não te chatear e não te deixo descobrir.
Te faço rir.
Eu não sou teu Príncipe porque é muito chato
E cedo ou tarde sempre acaba virando sapo.
Eu existo fora do teu castelo e povôo teus sonhos,
E você sabe que seríamos bons amigos,
Bons parceiros e bons inimigos,
Mas você prefere ser a minha garota cor-de-rosa,
A minha borboleta azul,
A minha joaninha
Vermelha e preta, com bolinhas.
Você esperou por mim,
Porque eu já esperava por você.
Porque te ouço como se te entendesse,
E falo como que soubesse
O que você queria escutar,
Muitas vezes não digo nada,
Porque entendo a necessidade dos silêncios.
Seremos importantes na história um do outro, para sempre,
Independente de tudo que estiver para acontecer.
Porque é comigo que você quer envelhecer.
Eu te digo tudo e não te digo nada,
Te faço soltar o choro e a gargalhada,
Mostrar o medo e não desejar parecer tão invencível.
Saber que ainda é cedo
Pra simplesmente acreditar no impossível.
Sou a razão e o coração.
Sou teu escudo e sentimento.
Transparente a cada momento,
Apesar de todo o risco que isso possa significar,
Tento todos os dias, apenas, docemente, viver, sentir e amar.
De nada adianta meu coração vazio cercar
Ou minha alma imaculada
Economizar,
Trilhando uma estrada
Inacabada,
Se não me mata o primeiro amor,
Por saber
Que só com o último vou morrer.
E quando este amor,
Este romance, chegar ao fim,
Que não seja instantâneo nem indolor,
Pois se for assim,
Se assim for,
Não é romance, nem era amor.
Vivo a lutar,
Eterno refém da saudade que me sufoca,
Da rotina que me acomoda
Do medo, que me impede de tentar.
Não quero que seja para sempre,
Mas luto para ser até o fim.
Muito prazer.
De tudo o que sei sobre mim,
É só o que posso dizer,
O resto,
Descubra você.