segunda-feira, 26 de julho de 2010

MINHA PAREDE (85)



Minha Parede
Tu ocultas as minhas faces
E libertas os atos mais simples
Do cárcere cruel da transparência

Minha Parede
A opalescência é tua maior virtude
Pois é por ela que sinto o meu ser
És o outro lado de um espelho
Pelo qual tudo vejo sem ser visto

Atravessar-te, Parede, é simples
Quando se tem a alma transparente
És intransponível
Somente para os fracos de espírito

Minha Parede
Quanto mais divides
Mais aproximas os que têm o mesmo objetivo
A obscuridade da tua face
Contrasta com a transparência da tua alma

Como podes, Parede
Deixar transpassar sempre os raios de sol
E não deixar nunca
Ver a minha ou a tua sombra?

Minha Parede
Somos todos iguais a você
Somos todos paredes num mundo putrefato
Quando ocultamos nossas piores atitudes

Minha Parede
Não morras na transparência
Não pereças translúcida
Permanece opaca
Para que eu possa exprimir meus sentimentos
E deixar fluir o espontâneo a cada instante

Fica onde estás, Parede
E sê minha melhor amiga

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